quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Itajaí e o descaso com a cultura e a história

O prédio onde funcionou o Grupo Escolar Victor Meirelles, em Itajaí, está em situação deplorável. Mas não é de se surpreender. A cidade que já chegou a fazer elevados investimentos em cultura, sempre deu às costas para o patrimônio arquitetônico. São raras as edificações históricas ainda em pé em Itajaí. Uma ou outra foi restaurada.
O Grupo Escolar Victor Meirelles, inaugurado em 1913, na mesma época dos grupos escolares Lauro Muller e Silveira de Souza, de Florianópolis, representa um patrimônio não só para Itajaí, mas para o Brasil. O edifício segue os padrões arquitetônicos das escolas paulistas, do início do Século 20.
O prédio tem como características o pátio interno e a divisão em alas masculina e feminina. Faz parte da reforma do ensino adotada na Primeira República. Embalado pelo lema Ordem e Progresso da nova bandeira regidos pelos ideais do Positivismo, os grupos escolares foram criados para civilizar por meio da alfabetização, da educação moral e cívica e do acesso a conhecimentos científicos básicos.
Com salas amplas, iluminadas, equipadas com carteiras importadas e laboratórios, as novas escolas surgiram para nacionalizar, higienizar, ajustar o povo aos novos valores e aos novos costumes da sociedade capitalista. O prédio é tombado por lei municipal e estadual, mas nem isso é suficiente para que os governantes do Estado e do município recuperem o imóvel.
Parece que nem mesmo a sua localização, na rua Hercílio Luz, em pleno centro de Itajaí, ao lado do Palácio Adolfo Konder e da Igreja Matriz são suficientes para sensibilizar os governantes. No prédio, desde de 1982, funcionava a Casa da Cultura Dide Brandão, que atualmente foi instalada numa sede provisória já que a edificação centenária corre o risco de desabar.
As fotos foram feitas durante o final de semana, quando fui acompanhar a procissão de Nossa Senhora de Navegantes. Talvez seja importante dizer que meu pai estudou no Grupo Escolar Victor Meirelles, no tempo em que os alunos eram ainda divididos por sexo. Na época em que eu estudei ali já não havia mais esta distinção.

5 comentários:

  1. Pois é Fifo, vivi parte de minha vida ali na Casa da Cultura, lançando meus vídeos e prestigiando os artistas. A pena maior é que não é só em Itajaí o descaso com o patrimônio. Aqui nos campos de cima da Serra, a coisa também não é animadora com esta área. Abraços, Fernando Leão.

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  2. eu não entendo, esta edificação foi objeto de projeto para as lei de incentivo federal e estadual, sendo aprovado nas duas. Sei até que ele passou por obras emergênciais, no segundo semestre do ano passado.

    Vou me inteirar para saber o que está acontecendo...
    Fátima Regina Althoff

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  3. Tenho conhecimento que a estrutura deste prédio esta condenada há muitos anos desde 2000
    aproximadamente, e que a prefeitura atual recebeu do governo do estado recursos próximos a 500 mil reais
    para a reforma da Casa da Cultura, e na verdade o que aconteceu e que não é divulgado, foi que o recurso foi desviado para acelerar a inauguração do Teatro Municipal e na Casa da Cultura foi feita apenas uma maquigem para parecer que havia sido reformado.
    No governo municipal passado foi elaborado todo um projeto para a restauração do prédio da Casa da Cultura,
    e na fase e captação dos recursos é que se foi descoberto que o prédio fazia parte do patrimônio histórico do estado e não do município, ou seja, teria que receber investimentos do estado.
    A então superintendência da Fundação Cultural de Itajaí na pessoa de Lourival Andrade e a Diretora da Casa da Cultura da época, Hilda Deola, correram atrás da papelada para que a responsabilidade do prédio fosse passada ao município afim que de que o projeto pudesse ser executado. Enfim, a Casa da Cultura faz parte do patrimônio histórico e cultural de Itajaí.
    Porém só aconteceu nas vésperas das eleições municipais de 2008, e com a derrota nas eleições o governo da época não pode dar continuidade a este projeto.
    O governo atual diz que o projeto que esta pronto tem erros e deve ser refeito, e com isso o tempo vai passando.
    Particularmente não vejo preocupação do governo atual com a cultura e história de Itajaí.
    É muito provável que aconteça o pior e o prédio venha a desabar, o descaso é muito grande, parece que não há pressa em ser solucionado.
    O vereador Marcelo Werner irá pedir através de um pedido de informação para o executivo municipal esclarecimentos a cerca do assunto, afim de provocar os responsáveis a por a mão na massa e iniciar a execução da obra.
    Estamos em alerta e faremos o possível.

    Até mais, espero que tenha podido contribuir.


    Abraços,

    Sara Ternes - Itajaí
    saraternes@hotmail.com

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  4. Li os comentários do Fifo, do querido amigo Fernando Leão e da amada Sara Ternes! Concordo com tudo que está postado. Quero apenas acrescentar que o projeto de restauração da Casa da Cultura Dide Brandão foi amplamente discutido com os artistas que ocupam aquele espaço, com técnicos do IPHAN e tudo estava pronto. Tanto isto é verdade que ele foi aprovado para captação de recursos via Lei Rouanet (Federal) e a WEG já havia depositado R$ 150 mil para o início das obras. Claro que mais recursos eram necessários, mas cabe aos atuais dirigentes das políticas públicas do município se mobilizarem para isto. Vale também lembrar que o governo que assumiu em 2005 teve que interditar o Teatro Municipal (dia 17/01/2005) por fala de condições concretas de funcionamento e com recursos próprios da prefeitura(mais de R$ 600 mil) equipou todo o Teatro e ele se tornou referência para todo o Brasil. Porque o governo atual não faz o mesmo? Para isto é preciso vontade política e clareza em suas propostas de investimento na cultura. Espero que Itajaí tenha novamente a sua Casa da Cultura, e como disse Sara... no passado os recursos que eram para a Casa foram investidos no Teatro e que mesmo assim teve que ser interditado... Vamos a luta...o projeto está pronto e aprovado (a parte mais complicada e burocrática já está feita)... já havia recurso liberado... agora é fazer!!!
    Não estou mais em Itajaí para ajudar neste processo, hoje vivo em Caicó/RN e e após ter sido aprovado em concurso público federal sou professor da Universidade Federal o Rio Grande do Norte, além de ser Diretor do Museu do Seridó, inclusive coordenando a restauração e ampliação deste espaço museológico e de cultura... parece ironia... mas é verdade!! Abraços a todos que lutam pela cultura e pelo patrimônio material e imaterial!!

    Lourival Andrade Júnior
    Ex-Superintendente da Fundação Cultural de Itajaí (2005-2008)
    Professor da UFRN
    Diretor do Museu do Seridó - Caicó/RN
    e-mail: lourivalandradejr@yahoo.com.br

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  5. http://www.youtube.com/watch?v=rLKwVtdj6-M

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