quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Avatar, de James Cameron

Avatar, de James Cameron, é uma declaração de amor à vida e aos seres de todas as espécies. Mas é uma declaração feita com a tensão de uma guerra violenta e megalomaníaca, quase inverossímel. No confronto, uma civilização terrestre avançada tecnologicamente e ostensivamente bélica é vencida por nativos de um planeta cujos habitantes são evoluídos espiritualmente, mas suas armas se limitam a arcos e flechas.
A trama é cheia de estereótipos, o enredo é embalado por uma história de amor e o final é previsível, mas Avatar é um filme sedutor. É provável que sem estes ingredientes, quase nenhuma obra cinematográfica obtenha êxito de grande público. E apenas com estes elementos reunidos se atinge o sucesso? É claro que não. É necessário a arte e a ciência de um regente como James Cameron. Avatar já fez a segunda maior bilheteria da história do cinema. Até meados de janeiro, arrecadou US$ 1,6 bilhão no mundo. O filme de maior bilheteria é Titanic, também de Cameron, que atingiu a marca de US$ 1,842 bilhão.
A história de Avatar pode ser comparada a uma dezena de outras histórias humanas de dominação, mas vejo com mais clareza no filme uma semelhança brutal com a colonização avassaladora da América pelos europeus. Em busca de ampliação de território, ouro e de outros metais preciosos, populações nativas foram dizimadas. Em Avatar, os terráqueos tentam dominar o planeta Pandora, onde há concentração de uma pedra cinza valiosíssima avaliada em U$ 20 milhões o quilo.
É claro que uma substância tão valiosa, logo provoca a ganância dos humanos, que planejam exterminar os nativos caso eles não aceitem mudar a aldeia de lugar, já que a população está fixada justamente sobre um filão do mineral precioso. Para tentar dominar os habitantes de Pandora, uns seres azuis, com corpos esguios, semelhantes a felinos e de uma beleza irresistível, o plano dos terráqueos é infiltrar um invasor entre eles.
Para isso, são criados avatares com DNA humano e dos seres de Pandora. Estes seres híbridos ganham vida através de um humano, que se transfere provisoriamente para o corpo gerado em laboratório. O terráqueo escolhido para fazer a espionagem é Jake Sully (Sam Worthinghton), um ex-fuzileiro que perdeu o movimento das pernas, mas como avatar ele tem toda autonomia.
Tudo poderia dar certo se Jake não se apaixonasse por Neytiri (Zoe Saldana), uma belíssima nativa de Pandora e o rumo da história muda. Felizmente para o bem. Avatar é altamente recomendável. Mas há alguns aspectos que incomodam, como a presença da indústria do cigarro no filme. A cientista terráquea do bem, Grace Augustine, interpretada por Sigourney Weaver, empunha um cigarrinho inapropriado no ambiente asséptico da nave espacial.
Em Avatar é de se perguntar também porque um filme que prega o respeito e a paz necessita de tanta violência. Há armamentos pesados e explosões em série. Sua temática é contemporânea ao tratar de ecologia, mas é inegável que vem carregado de uma ideologia armamentista.
Desde o fenômeno Titanic, de 1997, Cameron não havia rodado um longa de ficção. Avatar é primeiro filme em 3D do cineasta, e o primeiro filme com tecnologia 3D a ser exibido legendado, mas é preferível assistir a cópia dublada. Há uma profusão de imagens de uma floresta onírica, seres terrestres e voadores e uma vegetação que vale a pena ser contemplada sem a interrupção para leitura das legendas.
A tecnologia 3D ainda necessita de ajustes e os óculos são desconfortáveis, mas em quase três horas de filme os espectadores quase perdem o fôlego e nem percebem o tempo passar.

2 comentários:

  1. Fifo, temos um comentário ¬á no blog também.

    http://cinemacommel.blogspot.com/2010/01/avatar.html

    Confira...

    abs Oscar

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